Jesus, as duas testemunhas e os filhos de Zebedeu

                


             ..."Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha
                  esquerda. É para aqueles a quem foi reservado". Marcos 10:35-40


         O texto de Marcos 10 é emblemático para os dias atuais, quando a Igreja percebe que um processo de purificação necessário às bodas do cordeiro é efetuada por Deus no seio da mesma. Jesus havia se dirigido para alguma aldeia da Judeia e seus discípulos e uma multidão o seguiam e foi este um dia de muitos ensinamentos provenientes de divino mestre: Ele falava sobre divórcio, da pureza das crianças, do apego aos bens materiais, sobre a fé salvífica, da comunhão cristã, sobre o lugar reservado às suas duas testemunhas na glória e neste mesmo dia Jesus curou um cego.


A mãe de Tiago e João faz o pedido à Jesus
         Estes temas sintetizam os principais valores e atitudes que cabem aos cristãos cultivar e praticar individual e coletivamente e valem para a Igreja atual e aquela que estará com Cristo após as bodas com o Cordeiro. O tema divórcio é caro para qualquer pessoa, algumas denominações cristãs o proíbe, pois traz consigo o sentimento de culpa por possíveis falhas no convívio conjugal e familiar, fala da falta de compromisso, da falta de diálogo, falta de compreensão, de afeto e solidariedade e esses mesmos temas são igualmente necessários ao convívio entre os povos cristãos ou não e também entre a Igreja e Cristo. A falta destes valores e atitudes levam os adultos a agirem com uma dose de maldades e as crianças se mostram alheios a essas maldades, por isso Jesus disse àquela multidão que devíamos ter um coração de criança para alcançarmos o reino dos céus. O apego ao dinheiro e bens materiais nos distancia dos princípios divinos, pois ao colocarmos a matéria à frente do espírito, fechamos nossas mentes e corações às infindáveis possibilidades da fé - "porque, pela graça somos salvos mediante a fé, e a fé não vem de nós, é dom de Deus" (Efésios 2:8) e sem a prática diária e verdadeira destes valores e atitudes a comunhão cristã se torna difícil ou impossível.
       A conversa entre os apóstolos e Jesus estava tão suave e franca neste dia que Tiago e João fizeram um surpreendente pedido a Jesus: que lhes concedessem o assento à Sua direita e à Sua esquerda em sua glória e esse pedido fez com que os dez demais apóstolos se indignassem com eles, pois esse pedido denotava ambição e falta de humildade. Vamos enfim, nos debruçarmos sobre esta passagem, que é o tema desta matéria e também deste próprio site. Antes de fazermos qualquer prejulgamento a estes dois importantes apóstolos do cristianismo, vale lembrar que esse pedido foi oriundo do amor de sua mãe, irmã de Maria, mãe de Jesus, por seus filhos, que tinham a proximidade de primos.
     A análise criteriosa desta passagem traz informações bastante úteis para a Igreja e também para as duas testemunhas de Cristo, aos quais, aqueles dois lugares almejados pela tia de Jesus, já estavam reservados.
       Diante do pedido de Tiago e João, Jesus lhes responde: "Não sabeis o que pedis! Vós bebereis o cálice que eu hei de beber e sereis batizados com o batismo que eu hei de ser batizado? " Estes disseram que sim. Jesus então lhes fala novamente: "Em verdade, vós bebereis do cálice que eu hei de de beber e sereis batizados com o batismo com que eu hei de ser batizado, mas o assentar à minha direita e esquerda, não pertence a mim, concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado".

                                   O assento


O assento estava reservado


        Jesus estava preparando seus apóstolos para o cálice e o batismo, que poucos dias após, veio a ocorrer com seu martírio, morte e ressurreição. Os apóstolos já haviam andado com Jesus há mais de três anos e portanto eram bons conhecedores das Sagradas Escrituras e sabiam que haviam estes dois lugares reservados ao lado de Cristo, em Sua glória, pois isso estava relatado no Livro de Zacarias capítulo 4 e no livro de Enoque capítulo 69, por isso mesmo tanto os dois apóstolos como Jesus usam o artigo definido "o" e não o artigo indefinido (um) para definir o assento ao seu lado. Nos livros de Zacarias e Enoque, contudo, não está relatado o caráter de martírio necessário a se obter o assento, mas Tiago e João disseram que estavam dispostos e passarem pelo mesmo martírio de Cristo.

                       A necessidade do martírio


É necessário beber do cálice e receber o mesmo batismo de Cristo


      Jesus, o Verbo Criador de Deus, que se encontrava à Sua destra antes de ter sido feito homem, se fez servo não apenas de Deus, ao submeter-se ao cálice e batismo, mas também de toda a humanidade, ao tornar-se o cordeiro que tira o pecado do mundo, agindo a seu favor e isso fez com que o estado de glória que tinha antes de sua encarnação fosse multiplicado após cumprir sua missão na terra.
       O cristianismo não fala da necessidade de martírio para se obter a salvação, antes diz que é melhor obedecer que sacrificar, mas para se obter a salvação e os dois únicos lugares reservados à direita e à esquerda de Jesus em sua glória, além da obediência será necessário passar pelo mesmo cálice e batismo que Jesus passou e isto significa se submeter às revelações reservadas aos dois profetas que ocuparão estes lugares, profetizarem, bem como não temerem a morte que a estes está reservada, assim como a ressurreição e ascensão ao céu, tudo isso, também a favor da humanidade dos dias atuais.

                          O reconhecimento de Cristo


Subi cá


       A abundante sabedoria de Jesus em Suas palavras é tamanha, que mesmo dizendo poucas palavras, essas poucas palavras podem se tornar em milhares de livros, duas respostas de Cristo ao pedido dos irmãos Tiago e João além de representarem esta sabedoria, revelam também que o domínio e segurança com que Cristo falava às pessoas e também aos eruditos e autoridades, assim como também aos seus apóstolos e discípulos se originam na consciência que Ele tinha de seu duplo estado humano e divino e das verdades que Deus, gradativamente lhe revelava enquanto crescia em idade e conhecimento de Sua missão: Jesus primeiramente lhes respondeu - "vocês não sabem o que estão pedindo", ora, se Jesus assim respondeu era porque sabia como seria sua missão após Sua segunda vinda e mesmo sabendo lhes pergunta se ambos estariam dispostos a passarem pelo mesmo martírio que Ele haveria de passar. Qual seria Sua intenção ao lhes fazer esta pergunta, se Ele já tinha conhecimento do futuro? Talvez seja para encorajar seus apóstolos para os difíceis dias, que em breve haveriam de passar.
 Jesus havia preparado seus apóstolos para serem perseguidos e martirizados e naqueles últimos dias de Sua presença física na terra, sua palavras eram duras e realistas e confirma a Tiago e João que seriam martirizados. De modo algum Jesus poderia desanimá-los, mas também não podia enganá-los e lhes responde que não Lhe cabia conceder-lhes o assento que pediam - Jesus reconhece diante de seus apóstolos que Alguém que tem maior autoridade que Ele, haveria de estabelecer a forma como seria o Seu governo, após Sua segunda vinda.
   Sem terem a mínima noção que estavam tocando em fatos espirituais futuros e eternos, esta intervenção dos filhos de Zebedeu, traz para a Igreja de hoje, reflexões necessárias para que compreendamos um pouco mais do Cristo que veio e Daquele que em breve voltará, como pensava e agia em Sua primeira vinda e como será em Sua volta. Jesus não falava tudo que sabia, porque o conhecimento daquela época não era capaz de absorver, por isso, quase sempre falava por parábolas, mas hoje, com a profetizada multiplicação da ciência e do conhecimento, podemos entender.
      Podemos deduzir que o momento entre as duas vindas, não foi necessário apenas para a propagação do Evangelho, mas também para que o projeto de interação entre Deus e o homem se desenvolvesse, ou seja, para que o enxerto resultasse em borbulha: Adão, que foi criado diretamente por Deus há 5.779 anos, período em que se inicia o calendário judaico, é o início desse projeto. Jesus, embora tenha nascido de mulher, é a oliveira divina, enxertada na descendência de Adão, o Evangelho propagado aos povos,  é o adubo que possibilitou o surgimento dos dois ramos da oliveira (Zacarias 4:12-14,  Apocalipse 11:4,  Enoque 69:3).
   Ao constatarmos que este projeto tenha sido concretizado por pessoas de carne e osso, com dna humano, que são os dois ramos da oliveira, ambos descendentes de italianos, cristãos, entendemos o motivo de Jesus dizer aos filhos de Zebedeu, que estes não sabiam o que pediam, não apenas por não terem naquele tempo, o discernimento que a multiplicação da ciência nos permite hoje, mas talvez porque a religiosidade daquela época, os fizesse pensar com mente humana e não a de Deus, muito embora tenham feito grandes obras após a morte humana de Cristo, quando se permitiram serem usados pelo Espírito Santo, afinal, o próprio João foi o amado apóstolo de Cristo, escolhido para nos trazer as revelações que futuramente haveriam de serem entregues à Igreja.

                         O reconhecimento da Igreja


 Naquele mesmo dia, após um dia de debates emblemáticos, também emblematicamente Jesus cura o cego Bartimeu e isso certamente lembra o caráter de martírio da missão das duas testemunhas, não por causa da morte prevista para ambos, mas sobretudo pela dificuldade com que estes lidam em relação à compreensão e aceitação desta missão, no que se refere àqueles aos quais lhes é dado interagir, no cumprimento da mesma, dentro e fora da Igreja, aos da Igreja, pois ela é o primeiro alvo desta missão e em menor condição, aos de fora da Igreja, que por não conhecerem, não costumam se opor.

     Jesus experimentou a oposição de seus próprios irmãos, de membros da sinagoga e de gentios, exatamente por que estes pensavam com mentes e corações humanos, mas em relação às suas duas oliveiras, era de se esperar que esta oposição se desse apenas por aqueles que não querem a concretização do projeto de redenção de Deus e também o governo milenar do messias, haja visto que este governo contrariará diversos interesses econômicos, políticos e ideológicos, porém, devido à mesma falta de conhecimento dos religiosos da época e até mesmo de alguns de seus discípulos, alguns religiosos de hoje, têm feito oposição a esta missão, não entendendo que fazem oposição ao próprio Cristo, pois os ramos da oliveira possuem o mesmo dna da própria oliveira.

                        O reconhecimento dos judeus


       A maioria dos judeus ainda não reconhecem que Jesus é o messias que veio e voltará, eles preferem seguir a religião tradicional que se baseia na lei mosaica, assim sendo, não reconhecem a oliveira e muito menos reconhecerão seus ramos, a menos que uma prova científica incontestável ocorra e isso está previsto, porque quando falamos de oliveira, de enxerto, de borbulha e ramos, na esfera vegetal, estamos também falando de morfologia, na esfera animal e talvez esta seja a prova mais contundente de todos os testemunhos que cabem às duas oliveiras, ou as duas testemunhas de Cristo dar, pois se trata de algo visível e tangível (ver nosso estudo A morfologia das duas testemunhas)

   Seria muito bom que apenas as provas espirituais e científicas bastassem para que os judeus acreditassem definitivamente que Jesus, de fato, é o messias que veio e voltará, porém parece que nem mesmo estas provas serão suficientes para que isso ocorra, e isso certamente trará ainda mais dor para este povo que tanto sofreu na segunda guerra mundial. Mesmo sendo Jesus um judeu, que cumpria todas as profecias relativas ao messias, a liderança  religiosa judaica o entregou à morte, porque Ele contrariava seus interesses econômicos, religiosos e políticos e os dois ramos da oliveira, tendo o mesmo dna da oliveira, não podem pensar e agir de forma diferente e, se naquela época o ambiente de atuação do Messias era a Judeia, Samaria e a Galileia, a atuação de seus dois ramos, nos dias de hoje, são todas as nações da terra.

                      A compreensão dos muçulmanos


      Em sendo os ramos da oliveira, que é Jesus, o Messias, as duas testemunhas não podem negar o caráter de justiça que Ele ensinou em sua primeira vinda à terra. Sabemos que assim como os judeus e os cristãos, os muçulmanos também aguardam a vinda do Messias, que segundo a profecia islâmica, fará reconhecer o islã, como uma religião criada pelo próprio Deus. Temos tratado com muito respeito a esta questão em algumas páginas deste site, como na que abordamos mais profundamente esta questão (veja nossa serie de estudos Cristianismo e islamismo - perspectivas imediatas). Emblematicamente Deus permitiu que no interior do pátio do templo de Salomão fosse construída uma mesquita e ao nosso ver, isso representa a justiça de Deus em trazer para família de Abraão, a nação que Ele prometeu a Agar, vítima de uma injustiça praticada por Abraão e Sara.


                   A compreensão das duas testemunhas

       Deus é perfeito e certamente Ele fez com que estes dois ramos da oliveira, dois profetas, que são as duas testemunhas do Messias, enviados a esta geração, reconhecessem a si mesmos como tais. Isso foi possível pelos fatos extraordinários ocorridos em fevereiro de 2005, quando ambos foram apresentados à Igreja.
   Grande será o galardão prometido a ambos para a eternidade, bem como grande é o comprometimento que destes será requerido. Nesta fugaz vida terrena cabe-lhes muito mais valorizar o lado espiritual e eterno do que o lado material e passageiro, que a todos os humanos é dado vivenciar nesta vida terrena com coragem e ousadia, cumprir a importante missão que lhes foi reservada, para que assim possam ocupar com honra, o assento à direita e à esquerda do Messias, que regerá a terra no reino milenar e eternamente.
        Se naquele dia o pedido dos filhos de Zebedeu pareceu inoportuno, hoje, as respostas dada pelo próprio Messias, nos leva a entender a dimensão que este assento representa e certamente não há tesouro algum na terra que possa se comparar ao fato de assistir junto Àquele que regerá toda a humanidade. Naquele dia Jesus não ministrou apenas assertivamente sobre aqueles aos quais o assento estava reservado, mas todas as suas ministrações são muito úteis para estes dois, que vivem como todas as pessoas, com direitos e obrigações que a vida contemporânea exige de todos desta presente geração: desapego ao dinheiro, a comunhão e a fé.

Por Nelsomar Correa, em 01 de janeiro de 2019.      
        


      

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